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LÍNGUA INTERNACIONAL

                                                                                                José Jorge Peralta

1.
DIMENSÕES DA PÁTRIA LUSÓFONA

      O conceito de pátria, hoje, é tanto um conceito linguístico-cultural, amplo, como é um conceito político-territorial, mais restrito. As duas dimensões do conceito de Pátria são essenciais, na atualidade. Pioneiro nesta perspectiva, foi o genial Fernando Pessoa que a sintetizou numa frase imortal. "Minha pátria é a Língua Portuguesa".
       Somos então uma pátria lusófona, sem fronteiras, de dimensões descomunais. Poucas são as vilas, de média dimensão, de qualquer região do globo, onde não haja falantes da língua portuguesa. É algo fenomenal.
      A pátria é poder, também em nível linguístico-cultural. Língua e cultura são o grande patrimônio de um povo. Língua é soberania. Na nossa língua pensamos, nos comunicamos, interagimos e convivemos.
      Existe então, modernamente: a) o conceito de pátria que abrange um território com o concomitante poder político; b) o conceito de pátria que abrange apenas o aspecto linguística cultural. Do mesmo modo se comporta a religião: A Igreja Católica, tem poder político/territorial e religioso no Vaticano e o poder espiritual em todo globo, onde quer que viva um cristão católico, sempre convivendo com outras religiões, que compartilham o mesmo território.
      A pátria da língua portuguesa, a pátria lusófona, em sentido restrito, tem o poder linguístico-cultural e o poder político territorial concomitante, nos oito países soberanos da língua oficial portuguesa: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Em sentido amplo a pátria lusófona está presente e se expandindo no mundo inteiro, onde quer que haja dois ou mais falantes da língua portuguesa.
      - Minha Pátria é a Língua Portuguesa.
      Hoje, as línguas são entidades culturais sem fronteiras. Elas se expandem indefinidamente, ou se restringem até morrer, dependendo do seu potencial cultural, de sua força intrínseca e do poder político das sociedades que a falam, quer como língua materna, quer como língua adotada e compartilhada.

 

2.
SENTIR O ESPÍRITO DA LÍNGUA

      As pessoas mais conscientes e sensíveis têm orgulho de falar a Língua Portuguesa. Há muita gente que ama de paixão a Língua Portuguesa . Nossa língua é marca de nossa identidade sócio-cultural. Estimá-la é estimar-se.
      Nossa língua e nossa cultura têm belezas ocultas que os olhos profanos não podem ver. Nossa língua é bela; tem história, tem força,
tem sabedoria, tem mistério, tem paixão. É nosso instrumento de pensar, de sentir, de se comunicar, de interagir, de conviver e de se exprimir.
      Muitos analisam as estruturas formais e linguísticas, a arquitetura e até a arqueologia da nossa língua e dos textos literários, mas poucos conseguem penetrar em sua alma, no espírito e na sabedoria que a unifica e lhe dá vida, graça, encanto e sentido profundo.
      Poucos abordam a dimensão semiótica e filosófica do discurso linguístico. Poucos abordam a sua função poética, na dimensão paradigmática. Este ainda é um desafio. Num mundo que privilegia a forma manifesta das coisas, que vive aparentemente na superfície...
      A força da língua está na sua arquitetura, sim, e também no espírito que a vitaliza: são os dois pilares que a consolidam e a distinguem.
      Isto talvez seja coisa de poetas que sentem e não sabem explicar. Mas precisa?! Deixemos isto para os linguistas, semioticistas e filósofos.

 

3.
PORTUGUÊS - A PRIMEIRA LÍNGUA GLOBAL

      Há competição real entre as grandes línguas como entre as pequenas; é a luta sobrevivência. A Língua Portuguesa é a terceira língua mais falada no ocidente. Se a língua é um instrumento de pensamento, de interação e convívio social, a língua é um instrumento básico do bem-estar social. Sem a convivência da comunicação linguística, a pessoa está excluída de muitos aspectos da vida social. É um estranho.
      A língua portuguesa é uma língua em grande expansão e com grande potencial e força intrínseca. A língua portuguesa está presente nos cinco continentes, nos quatro cantos do mundo, desde o século XVI. Foi a primeira língua global.
      A pátria lusófona exibe seu garbo e poder, no Brasil, onde a falam 150 milhões de pessoas; em Portugal, berço abençoado desta língua magnífica; em angola e em Moçambique dois grandes países africanos em plena expansão; nossa língua se exibe orgulhosa também nos cinco outros países de língua oficial portuguesa. Exibe-se, garbosa, na Galiza e por todo o globo. Fora do Brasil mais de cincoenta milhões de pessoas têm o português como língua materna. Somos portanto aproximadamente 200 milhões de lusófonos. Contando os falantes da língua portuguesa em países não lusófono, temos mais de 250.000.000 de falantes da lusofonia.
      Muitas comunidades multicentenárias teimam em falar a língua de seus antepassados lusófonos, mesmo em condições políticas adversas. É que falar português lhes dá prazer.
      Num mundo pragmático e consumista isto passa a não ser levado muito e conta. Mas, faz falta.

4.
A LÍNGUA PORTUGUESA EXPANDE-SE NAS CARAVELAS

      A língua portuguesa se expandiu pela força e arrojo do seu povo falante. Viajou nas caravelas dos descobridores que deram "novos mundos ao mundo", desde o século XV. Acompanhou os descobridores por toda a costa oeste, da África até o Cabo da Boa Esperança e lá se instalou, como veículo de comunicação. Viajou com eles pela costa leste da África e seguiu para o Oriente, para a Índia, para o Japão, para a China, para o Timor, para a Indonésia e Ilha das Flores e lá ficou implantada, germinando e multiplicando-se para sempre. Passou também, pioneira, com os navegadores pela Austrália.
      Viajou por todas as Américas, do norte, central e Sul. Fixou-se, implantada definitivamente, no Brasil, e em algumas ilhas do Caribe.
      Ao sul, ao Centro e ao Norte, há comunidades de língua portuguesa até à Patagônia, e até ao Canadá em todos os países da América do Sul, do Norte e Central.
      Os EEUU tem mais de cinco milhões de lusofalante; o contingente de lusofalantes do Canadá também é muito amplo; na Venezuela também; também na Argentina, no Uruguai, no Paraguai, na Bolívia, no Chile, no Peru, etc, etc.
      Hoje a língua viaja de avião e nas asas das ondas hertzianas pela Internet, pela rádio e televisão.
      A língua portuguesa é motivo de orgulho: confere status e auto-estima ao falante. Mas muitos não se aperceberam deste valor... Não conseguem ver o lado social e afetivo das coisas...Mas há também o valor máximo econômico que é fantástico, pelos produtos que se trocam: culturais, técnicos, etc, etc...
      Os expoentes máximos da Língua Portuguesa são Luis de Camões, Antônio Vieira e Fernando Pessoa, ladeados por uma plêiade de grandes escritores de todo o espaço lusófono.
      Machado de Assis, Guimarães Rosa e Gonçalves Dias, certamente estão entre os maiores escritores do Brasil.
      Os Lusíadas de Camões cantam as glórias épicas do povo luso que protagonizou o maior feito da humanidade em todos os tempos: a unificação do Globo. Obra de gigantes... É a epopéia da Lusofonia...
      Camões, Vieira, Pessoa são grandes patronos de nossa língua comum. Souberam captar e exprimir a alma e a força motriz da cultura e da língua portuguesa. Em contato com outros povos ela se miscigenou, se enriqueceu e se multiplicou. Hoje a Língua Portuguesa é uma língua universal.

5.
LÍNGUA PORTUGUESA NA AMÉRICA DO SUL

      Na América do Sul, um subcontinente, o português é a língua mais falada. Um só país de língua portuguesa, o Brasil, tem mais falantes da lusofonia do que os falantes da língua castelhana que ocupam os outros nove países deste subcontinente.
      Na América do Sul, o Brasil, metaforicamente falando, é um “continente”de língua portuguesa cercado de nove ilhas falantes da língua castelhana (espanhol). O português é a língua mais falada na América do Sul (1).
      A língua é assim: ela se expande ou se mantém enquanto serve à comunidade pela sua força intrínseca e histórica e pelo seu poder de comunicação.
      A língua de cada comunidade deve ser respeitada neste mundo plural. Ela se aloja no mais profundo do inconsciente, na alma das pessoas. Faz parte da constituição da personalidade humana.
      Entre as línguas latinas, a língua portuguesa é a segunda mais falada; no ocidente, é a terceira.
      Além do calor humano que a língua portuguesa leva consigo, ela é marca de um poder fantástico no convívio das nações.

6.
O PODER DA LÍNGUA PORTUGUESA

      As comunidades de falantes da língua portuguesa pelo mundo espalhadas, devem ser respeitadas, como todas as demais línguas. Simultaneamente, no momento em que você lê este texto, duzentos milhões de pessoas falam, pensam, sonham, escrevem e se comunicam na língua portuguesa. Milhões de livros estão sendo escritos e publicados em português. Milhões de jornais e revistas são impressos. Milhões de rádios e televisões estão ligados, falando em português. Milhões de pessoas trocam mensagem pela web, em português. A língua portuguesa é um tesouro de primeira grandeza. Milhões de pessoas dão aulas em português. Milhões de crianças são alfabetizadas em português.
      É preciso defender a liberdade e o direito dos falantes, até de não serem importunados. Quem eventualmente ofende os falantes da língua portuguesa, como aconteceu no Timor Leste, ofende os 200.000.000 de lusófonos espalhados pelos quatro cantos do mundo. Parafraseando o nosso Prêmio Nobel, José Saramago diríamos que a língua que não se defende, fenece. É preciso saber defendê-la de eventuais conspirações que fazem parte de toda essa “guerrilha”global que se dissemina buscando alvos incautos... Língua é poder... é cidadania...
      Nossa Língua portuguesa e nossa cultura são patrimônios preciosos dos lusofalantes, e de toda a civilização humana.
     Computando todos os falantes da Língua Portuguesa espalhados pelo globo, independentemente dos limites territoriais das nações, são mais de 250.00.000 (duzentos e cincoenta milhões) os falantes regulares nativos do português. Só para exemplificar, nos EEUU são mais de cinco milhões, no Canadá mais de dói milhões. No Japão mais de 400.000. Quantos na França, na Espanha, na Holanda, etc.? A Língua Portuguesa está espalhada e implantada por todos os cantos e recantos do nosso mundo. A Língua Portuguesa tem uma presença atuante nesta “Praça Universal”de que tanto falou Vieira.
      A língua portuguesa é hoje um dos grandes e destacados patrimônios da humanidade. Mais significativa do que sítios arqueológicos, cidades e monumentos históricos. Na língua estão as estruturas básicas das manifestações humanas através de milênios.
Se considerássemos as belezas da língua diríamos que a língua portuguesa é uma das Sete (7) Maravilhas do Mundo, em termos de estética e plástica.
      Nossa língua e nossa cultura são os pilares de nossa identidade. Este é o nosso modo de viver, estar e fruir o mundo. São as marcas indelébeis da nossa identidade. A Língua Portuguesa tem grandes belezas e grandes encantos. É um imenso patrimônio que herdamos de nossos antepassados e compartilhamos com gente de todas as raças e culturas, de todos os povos, em todo o globo. São nossas raízes que não podemos deixar enfraquecer sem irremediáveis prejuízos psico-culturais e sociais e até patrimoniais..., ainda que delas não tenhamos consciência.
      Muitas pessoas, da mais alta estirpe intelectual, no Brasil como em Portugal, e pelo mundo afora, amam esta bela língua, com paixão. Os néscios dão de ombros...
      As pessoas conscientes amam a sua língua como algo seu, muito precioso, que compartilham com os demais lusofalantes. Amam-na com algo muito querido e muito estimado que faz parte da sua própria vida, completando seu ser e seu modo de estar no mundo.
      Nossa língua é o ornamento básico de nossa personalidade; é o marco de nossa identidade, como pessoa e como povo.

7.
POLÍTICA DO IDIOMA

      As pessoas conscientes da Língua Portuguesa e as organizações específicas, governamentais e não governamentais, da comunidade civil, precisam unir forças para estabelecer uma política do idioma que, de alguma forma, dê suporte a todos os falantes da lusofonia, espalhados pelo globo.
      O Instituto Camões e outras instituições oficiais apesar de todo esforço, qualidade e amplitude de sua atuação, nunca conseguirão dar conta do recado. É uma tarefa hercúlea em que todos precisamos estar comprometidos e envolvidos, direta ou indiretamente. Instituições ineficientes deveriam ser reestruturadas em função de seus objetivos e de sua missão sócio-cultural.
      É preciso criar elos reais entre todos os lusófonos: é preciso criar a fraternidade lusófona. É preciso alimentar e estimular a convivência da Pátria Lusófona, criando a solidariedade universal da lusofonia, a serviço da prosperidade e do bem-estar de todos.
      Neste mundo globalizado, todas as grandes línguas cercam umas às outras e a língua inglesa cerca todas. É preciso estar sempre alerta, sem xenofobia. Defender-se é obrigação de todos. Cultivar os próprios valores é melhor ainda e mais eficiente. Num mundo realmente globalizado, espera-se que todos respeitem todos, sem injustas discriminações, sem opressões e sem “tapetão”.
      Cultivar a própria língua é o que se espera de todos, cada um a seu modo, cultivando a unidade na diversidade. Língua e cultura se dão as mãos, solidariamente.
      É preciso abrir caminhos, atalhos e vias expressas, sócio-culturais, entre todos os falantes para que ninguém se sinta isolado e só. Que ninguém se sinta excluído. Que todas as comunidades falantes da lusofonia se sintam interligados.
      Que todos sintam que o mundo da lusofonia, é um mundo de portas abertas: um mundo solidário, que estimula a convivência e a prosperidade. Compartilha para crescer junto. Sem exploradores nem explorados; sem discriminados nem discriminadores. Todos dedicados e todos cooperadores. Assim foi sempre e assim seja.

8.
VIA EXPRESSA DA LUSOFONIA

      A internet é, certamente uma grande e versátil via expressa para interligar os mais de 200.000.000 (duzentos milhões) desta portentosa pátria lusófona universal, espalhada pelos quatro cantos do mundo. É preciso saber usá-la.
      O web-sítio: www.patrialusofona.com.br e o www.portaldalusofonia.com.br, além de outros estão aí para servir ao mundo lusófono, solidários com tantos outros que têm o mesmo compromisso.
      Envie sua colaboração. Compartilhe o seu saber, sua experiência, os valores de seu povo e da sua civilização.
      A riqueza cultural é um patrimônio genial que, quanto mais se compartilha mais enriquece cada um.
      Neste web-sítio damos conexão para outros web-sítios congêneres. Siga-os. O céu é o limite para quem quer ir sempre em frente com vontade e prazer de servir.

9.
CASO TÍPICO

      Uma jornalista escreveu em sua coluna, na Folha de São Paulo, BR, (de 27.5.2008) uma frase falsa científica e socialmente. Colocava a língua portuguesa do Brasil, em patamar inferior à espanhola (castelhana), na América do Sul. Diz a frase da jornalista: “O Brasil é uma ilha de língua portuguesa num oceano de língua hispânica”A frase correta teria este ou outro conteúdo semelhante: O Brasil é um continente de língua portuguesa cercado por nove (9) ilhas de língua hispânica. Enviamos para o jornal e para a jornalistamensagens contestando a afirmação e redigimos também um estudo denso, com dados estatísticos comprovando a imprecisão e a viés de desinformação da jornalista, que, aliás, costuma fazer críticas muito contundentes, séria e corajosas da política nacional e internacional. Aguardamos que a jornalista publique a correção da sua frase na Folha, em "erramos". Se não fizer a correção estará perdendo pontos.
       O estudo que refuta a referida frase leva o título: O Brasil na América do Sul –Uma política de boa vizinhança? Aí analisamos os aspectos demográficos, econômicos e territoriais, demonstrando a superioridade brasileira, apenas refutando a disputa levantada.
      Você pode encontrar esse texto no web sítio: www.portaldalusofonia.com.br e no blog www.tribunatropical.blogspot.com e no www.patrialusofona.com.br.
Fale conosco pelo e-mail:
tribunadosaber@gmail.com.
                                                                                              José Jorge Peralta
                                                                                              (São Paulo, 13.06.2008)

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