JOAQUIM NABUCO,
OUTRO GIGANTE DA LUSOFONIA
JJorge Peralta
1. Surge em nossa frente, a celebração do Centenário de mais um gigante da lusofonia. Vivemos momentos altamente estimulantes para os amantes e pesquisadores das culturas lusófonas. No começo deste mês, celebramos EUCLIDES DA CUNHA, magistral autor de “Os Sertões”.
No ano passado, celebramos o Grande Mestre MACHADO DE ASSIS.
Iniciamos hoje a celebração do centenário de JOAQUIM
NABUCO. No trio poderíamos acrescentar um outro gigante, RUI BARBOSA,
cujo centenário da morte está mais longe. Os quatro viveram
momentos de glória, em torno da ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, nos
seus primeiros anos desta benemérita instituição.
Os quatro estão situados entre os exímios pais fundadores da
civilização brasileira na sua fase independente, no final do
Império e início da República. Os quatro debruçaram-se,
com carinho e competência, sobre a condição do homem e
da nação brasileira, como cultores e intérpretes do seu
caráter.
Nesta era de incertezas e de destruição de valores, ler estes
grandes, dedicados e convictos homens de cultura retempera a força
e o vigor da alma brasileira e da lusofonia. Eles contribuem para dar mais
amplos horizontes às nossas idéias e ideais pela construção
de uma nação mais exuberante, mais solidária e próspera.
Eles realçam, em nossa cultura e caráter, as dimensões
nacionais e universais que a fazem mais bela, preparada para um futuro de
liberdade e prosperidade.
Os quatro autores foram e são os homens polêmicos. Tanto melhor.
Os autores polêmicos ajudam-nos a ver a vida e a cultura com olhos mais
atentos e levam-nos mais fundo neste mundo confrontos e de paradoxos, por
isso, deslumbrante.
2. Mas quem foi, afinal, o homem que hoje lembramos, e cuja
figura começa de se esboçar em nossa mente, que anunciamos no
topo deste texto? Dele, especificamente, passamos a dissertar.
Joaquim Nabuco foi um homem plural em sua vida e concepção de
mundo. Foi político, jurista, diplomata, escritor, orador, poeta, historiador
e memorialista. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras –
ABL, onde foi Primeiro Secretário.
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo nasceu na cidade de
Recife, Pernambuco, aos 19 de agosto de 1849. Faz agora 160 anos. Faleceu
em Washington, aos 17 de janeiro de janeiro de 1910. O centenário de
sua morte celebra-se daqui a cinco (5) meses.
A Academia Brasileira de Letras – ABL instituiu o ano de 2010 como o
“Ano de Joaquim Nabuco”, com uma longa programação
sendo elaborada.
3. Ainda em tenra idade, Joaquim Nabuco ficou aos cuidados da tia Ana Rosa,
na Fazenda Massangana, onde passou a infância. Viveu aí 8 anos,
voltando a residir com os pais no Rio de Janeiro.
Os anos que passou na fazenda da tia deixaram marcas indelébeis em
Nabuco. Realça o fato na sua obra “MINHA FORMAÇÃO”.
Em 1866, iniciou os estudos de Direito na Universidade de São Paulo.
Em 1869, transferiu-se para a Faculdade de Direito de Recife.
Aí escreveu a obra “A ESCRAVIDÃO”, somente publicada
em 1988, pela Fundação Joaquim Nabuco, de Recife.
A primeira obra que publicou foi “CAMÕES E OS LUSÍADAS”.
Durante a vida teve uma relação profunda com Camões,
sobre quem fez conferências no Brasil e em Universidades Americanas.
Em 1880 foi orador oficial da celebração do 3º Centenário
de Camões, no Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro,
com a presença de D. Pedro II.
4. Em 1880 passou a dedicar-se intensamente à campanha
para a Abolição da Escravidão no Brasil, desafiando as
elites contrárias, que lhe retiraram o apoio político.
Foi um ardoroso e convicto lutador pela libertação dos escravos.
Como jornalista, usou a tribuna da Imprensa para lutar na Campanha Abolicionista.
Eleito Deputado, usou a Tribuna da Câmara pela Abolição
da Escravidão no país. Publicou diversos opúsculos contra
a escravidão. Em 1888 teve uma audiência com o Papa Leão
XIII onde relatou a luta pelo abolicionismo do Brasil.
Para Nabuco, abolição da escravatura era apenas um passo de
um longo processo. Era fundamental a tarefa de incorporar os escravos libertos
na vida de homens livre, na Comunidade Nacional.
5. Em 1889, após a proclamação da República,
Nabuco não quis postular uma cadeira na Assembléia Constituinte,
por ser Monarquista.
Continuou defendendo a restauração da Monarquia.
De 1893 a 1899, Nabuco dedicou-se a intensa atividade intelectual. Não
aceitou cargos na República, por coerência de princípios.
Participou da Fundação da Academia Brasileira de letras, que
teve Machado de Assis como Presidente e Nabuco como Secretário Perpétuo.
Em 1899 aceitou o primeiro cargo no Governo da República. Em 1905,
foi nomeado Embaixador do Brasil, em Washington, no Governo do Presidente
Teodoro Roosevelt.
6. Foi um ardoroso defensor de uma política Pan-americana.
Proferiu dezenas de Conferências em Universidades Americanas onde era
muito bem quisto.
Nabuco organizou a III Conferência Pan-Americana, realizada no Rio de
Janeiro, em 1906.
Faleceu aos 17 de Janeiro de 1910, em Washington.
Nabuco foi um humanista de visão universalista e um patriota devotado
à sua terra e à sua gente.
Enfim, temos em nossa frente a figura estimulante de um homem forte e dedicado:
um homem múltiplo em suas posições e em suas missões:
um homem de princípios. Um brasileiro de primeira linha, com seus normais
paradoxos de um momento de incertezas e de grandes mudanças.
Joaquim Nabuco foi um homem dinâmico e coerente que soube amar o seu
país e a humanidade: Um Cidadão Lusófono: um cidadão
do mundo.
Todos os Direitos Reservados © Instituto Tropical